sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Edição nº5


CRÓNICAZINHA....

Vai-se fazendo cultura no Faial

Mais diversa, mais local e mais universal


Vasta no tempo, no espaço e na abrangência do conceito tem sido a evolução da noção de cultura. A primeira definição do conceito de cultura/civilização – contexto da época – data de 1871 e foi dada por Edward Tyler. Mais tarde vieram, sucessivamente, a concepção antropológica do relativismo cultural de Boas, a leitura da sociologia no fenómeno cultural de Durkheim e os conceitos de mentalidade de Lévy-Bruhl que abrem caminho às diferenças culturais.
Ou seja, foi no século passado que estabeleceu relações com as novas ciências, e que se afirmou com vida própria, passando por teorias e práticas de assimilacionismo, de multiculturalismo e, mais recentemente de interculturalidade.

Hoje, a Europa defende cada vez mais intensamente o direito a uma cultura própria, sem preconceitos nem juízos de valor, e muito menos de supremacia de uma cultura sobre outra, porque o respeito pela diversidade cultural já está consagrado, e torna-se urgente o seu conhecimento para um maior entendimento à escala mundial.
A noção de cultura é, pois, nos nossos dias, um processo dinâmico e diverso, a que a mobilidade humana veio dar um novo sentido global e um novo sentido local. Ou seja, se por um lado, a mobilidade, os meios de comunicação e o avanço tecnológico nos proporcionaram as indústrias culturais (que surgem há sessenta anos) e a tal globalização, por outro lado abriram lugar à diferença, às culturas locais que convivem, no mesmo espaço, com manifestações mais universais, sem que nenhuma tenha que ser absorvida ou menorizada pela outra.

Vem todo este enquadramento a propósito da cultura na nossa terra. O Faial nunca teve tantos produtos, estruturas e dinâmicas culturais como nesta primeira década do século XXI – eu diria mesmo como no último ano. Pelo menos é o que me diz a minha memória e a memória de alguns faialenses (e não me refiro apenas à minha geração). Nunca recebeu tanto, produziu tanto, debateu tanto, infra-estruturou tanto. A própria proliferação da comunicação social impressa testemunha esta visibilidade, oferecendo ao público novas autorias, projectos diferentes, reflexões diversas.

Teatro, cinema, música, literatura, pintura, fotografia, dança, conferências, estudos, exposições, concertos, construções locais, produtos internacionais, debates nacionais, é estar atento e de mente aberta e livre de preconceitos para escolher, fruir, estimular. É bom sentir que a nossa terra tem, ao contrário do que alguns sustentam, uma sinergia que vai contagiando, que vai criando e recriando, que vai interpretando e reinterpretando, como sempre acontece em cultura – fenómeno de enraizamento local, decorrente da história e da geografia mas entrecruzado com maior ou menor número de agentes circunstanciais, contextuais e flutuantes.
É justo reconhecer os indivíduos, as colectividades, a criatividade individual e o apoio público. E agradecer a quantos fazem ou vão fazendo mais cultura local, diversa e universal na nossa terra. Bem hajam!


Alzira Silva


Colaboradores:

Ilustração: Helena Krug
Crónica: Alzira Silva
Gatafunhos: Aurora Ribeiro e Tomás Silva
Teatro: Teatro de Giz
Literatura: Ilídia Quadrado
Ciência: Mónica Silva


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1 comentário:

Nuno Moniz disse...

Ora aí está.
Parece que os Faialenses começam, pouco a pouco, a largar a velha máxima "não se faz nada nesta terra".
Ficamos todos a ganhar :)

"Três Sapateiras"
Excelente Fausto.
Primeira gargalhada do dia!

Parabéns novamente ao Fazendo por esta edição, e obrigado por já estar online! As últimas tiveram de vir através dos Correios.

Cumprimentos a todos.